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Tradutores à revelia

Ontem, na Térmita, o Rui confessou que traduziu autores de língua espanhola (pelo menos Oliverio Girondo, Roberto Arlt, Rúben Darío e Virgilio Piñera) sem saber falar espanhol. Eu traduzo do francês sem as devidas credenciais académicas. Acho que devíamos fundar uma associação não profissional de tradutores à revelia.

Comentários

Alexandra disse…
Neste momento, o problema dos tradutores (profissionais e não só, com credenciais académicas ou sem elas) é já estarem a receber propostas miseráveis que os transformam em revisores de traduções com Inteligência Artificial.
Tradutores famosos e rebeldes, como tu e o Rui, vão safar-se sempre. Não precisam de associações ;) Os desconhecidos que penam todos os dias a traduzir é que se vão tramar se não fizerem nada.
Estamos mesmo numa situação muito precária neste momento. As pessoas em geral é que ainda não fazem ideia.
c disse…
«Famosos & rebeldes» parece o nome de uma banda de rock de pessoal com uma certa idade : D

Tens razão, Alexandra, nós não temos nada a perder (nem a ganhar, a maior parte das vezes). Mas o problema que referes ainda é maior, não afecta apenas os tradutores; também os jornalistas ou redactores publicitários, por exemplo, serão em parte substituídos por softwares inteligentes. E por aí fora.

Temos de parar de lutar por pleno emprego e, em vez disso, lutar por um rendimento universal.
Alexandra disse…
Quanto a empregos, os tradutores não têm. Na maioria, são freelancers. E, se não se organizarem, também não terão sequer meios para protestar com a garantia de serem ouvidos.
Os jornalistas só vão ser substituídos pela IA se deixarem. Desempenham uma função fundamental e têm meios para chamar a atenção.
Quanto aos redactores publicitários, se acharem que vale a pena defender a profissão e os empregos que têm, aconselho-os a lutar. Se não acharem, mudem de profissão, que é o que eu já pensei muitas muitas vezes em fazer e só não fiz ainda porque ainda acredito que vale a pena resistir.