Ontem, na Térmita, o Rui confessou que traduziu autores de língua espanhola (pelo menos Oliverio Girondo, Roberto Arlt, Rúben Darío e Virgilio Piñera) sem saber falar espanhol. Eu traduzo do francês sem as devidas credenciais académicas. Acho que devíamos fundar uma associação não profissional de tradutores à revelia.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
Comentários
Tradutores famosos e rebeldes, como tu e o Rui, vão safar-se sempre. Não precisam de associações ;) Os desconhecidos que penam todos os dias a traduzir é que se vão tramar se não fizerem nada.
Estamos mesmo numa situação muito precária neste momento. As pessoas em geral é que ainda não fazem ideia.
Tens razão, Alexandra, nós não temos nada a perder (nem a ganhar, a maior parte das vezes). Mas o problema que referes ainda é maior, não afecta apenas os tradutores; também os jornalistas ou redactores publicitários, por exemplo, serão em parte substituídos por softwares inteligentes. E por aí fora.
Temos de parar de lutar por pleno emprego e, em vez disso, lutar por um rendimento universal.
Os jornalistas só vão ser substituídos pela IA se deixarem. Desempenham uma função fundamental e têm meios para chamar a atenção.
Quanto aos redactores publicitários, se acharem que vale a pena defender a profissão e os empregos que têm, aconselho-os a lutar. Se não acharem, mudem de profissão, que é o que eu já pensei muitas muitas vezes em fazer e só não fiz ainda porque ainda acredito que vale a pena resistir.