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Assumir os pressupostos da vida não fascista #4


M. P.:
Na projecção desta noite, o aspecto político do filme impressionou-me muito, esta visão completamente desesperada. 

M. D.: Desesperada e alegre. 

M. P.: No filme você diz: «Que o mundo vá para o inferno, é a única política.» 

M. D.: Mas ela vive isso com alegria pois vive a inventar soluções pessoais para o intolerável do mundo, por exemplo o facto de pedir boleia todas as noites inventando a sua vida. 
A mulher do camião é-me completamente fraternal, é uma pessoa por quem sinto amor, isso não me acontecia desde India Song, amo-a profundamente, e ao meu redor ela é muito amada, esta mulher do camião, que obviamente não é aceite na sociedade actual, os estalinistas diriam que ela é louca. Como se a alienação em si mesmo fosse uma definição. Os escritores e as pessoas livres são tratados assim. Na sociedade, a liberdade é tratada como a loucura. Esta mulher é livre, ela ri quando ele lhe diz: «Você é uma reacionária», ela ri quando ele lhe diz: «Saiu do hospital psiquiátrico» ela ri, ela diz: “Ah, conhece?» Como se ele estivesse a falar de uma aldeia que os dois conhecessem.



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