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Amores proibidos

A ideia de que Arandir e o rapaz atropelado mantinham uma relação amorosa secreta é uma ficção criada pelo repórter Amado. Um amor proibido, revelado à beira da morte, é o pretexto mais do que perfeito para vender jornais às massas: «Escuta, rapaz! Eu vou vender jornal pra burro!» Mas a história só funciona porque é credível. A tradição literária está carregada de amores impossíveis, à luz da «moral vigente» em cada momento. Amores condenados, cuja solução reside na morte dos amantes, ou pelo menos na de um deles. A relação entre Arandir e o rapaz atropelado – não importa se real ou inventada – é um dos elos da longa cadeia de amores proibidos, que forma o nosso imaginário e que inclui Tristão e Isolda, Romeu e Julieta, Werther e Charlotte, etc., etc. Essa é uma das chaves mais simples de O Beijo no Asfalto: nem todos os beijos são felizes, e daí o seu fascínio.

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