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Os tipógrafos conhecem o nosso estilo

- Já agora, Falk, estiveste no Teatro de Djurgården? - perguntou o alto.
- Não.
- É uma pena. O Lundholm e o seu grupinho de escroques actuam lá de momento. Que coisinha lamechas! Não enviou bilhetes ao [jornal] A Víbora, e quando lá fomos esta noite expulsou-nos. Mas vingar-nos-emos. Gostarias de desancar naquele suíno? Aqui tens um lápis e um papel. Intitulá-lo-ei Teatro e Música, Teatro de Djurgården; agora, podes escrever!
- Mas nem sequer vi o que a sua companhia tem em palco!
- Que diabo tem isso que ver com isto? Nunca escreveste sobre coisas que não viste?
- Não, nunca o fiz. Denunciei casos de corrupção, mas nunca ataquei pessoas inocentes. E não conheço a companhia.
- São uns imprestáveis. Não passam de refugo! - confirmou o gordo. - Afia o lápis e espeta-o onde dói; és bom a fazê-lo.
- Porque não o esfaqueiam vocês mesmos?
- Porque os tipógrafos conhecem o nosso estilo e trabalham amiúde como actores secundários no teatro, à noite.

August Strindberg, O salão vermelho. Tradução de João Reis.

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