Era uma vez e várias vezes um homem que mudava de cor segundo as condições meteorológicas. A pele exibia um inconfundível azul-celeste em dias de sol, era turquesa quando fazia muito calor, damasco com nuvens escuras, vermelho violeta com chuva, ocre durante uma tempestade, ametista quando não fazia sol nem chuva, cinza ardósia com vento forte, lilás com vento fraco, jade quando soprava apenas uma brisa suave, púrpura com tempo de nevoeiro, carmesim em alturas de trovoada, índigo com granizo, terracota em manhãs de geada, e por aí adiante. O homem consultou médicos, clínicos, especialistas, terapeutas, curandeiros, mezinheiros, feiticeiros e charlatães. Tudo em vão. Experimentou infindáveis cremes, óleos, loções, cosméticos, pílulas, ampolas, pastilhas e comprimidos. Tomou banhos quentes e frios, de água doce e salgada, ao romper da aurora, ao meio-dia e ao crepúsculo, com pétalas de flores raras do Tibete, corais do mar vermelho, algas do rio amazonas. E depois destas e de muitas out