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A natureza como imemorial casa

Os filmes de António Reis e Margarida Cordeiro inserem-se numa comunidade com algumas influências reconhecíveis e muitos herdeiros apaixonados; o que eles fazem é cinema. Podemos começar por defender esta verdade necessária. Mas, em rigor, não sabemos bem, ou sabemos cada vez menos, o que se agrega sob a palavra «cinema», por isso a proposição não faz justiça a uma obra cujos pontos de fuga nos levam para muito longe. Quer dizer, eles usam a linguagem primitiva do cinema mas depois estabelecem um diálogo intenso com muitas outras coisas: pintura, música, literatura, e ainda mais o conhecimento da terra e das pedras, dos animais e dos frutos, das estações, das construções das casas ou dos barcos, da vida e da morte — ou seja, nos seus filmes todos os elementos fundamentais da cultura vibram e isso dá-lhes um carácter de objectos raros e preciosos. Como se o cinema fosse um olhar cosmológico. Como se eles fossem feiticeiros. (...)

Comentários

Alexandra disse…
olá. conseguem identificar a fonte desta citação: «se olhas para alguma coisa e ela te retribui é porque está lá uma parte de ti»? obrigada.
c disse…
Sim, é de uma entrevista com Pedro Costa incluída neste livro:
Moutinho, Anabela e Graça Lobo, org. 1997. António Reis e Margarida Cordeiro – A Poesia da Terra. Faro: Cineclube de Faro.

Tenho fotocópias, mas não encontro o texto na net. No entanto, há duas traduções disponíveis:

http://www.ocec.eu/cinemacomparativecinema/index.php/en/27-n-1-portuguese-cinema/309-conversation-with-pedro-costa-the-encounter-with-antonio-reis

http://elumiere.net/especiales/cordeiroreis/entrevistacostareis.php


Alexandra disse…
Obrigada. Conheço a entrevista mas não me recordava dessa parte. :)