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Aviso a um jovem poeta

Recomendar-lhe-ia, como poeta e espírito brilhante que deseja ser, a leitura dos grandes autores da Antiguidade porque, sendo como os macacos que catam a vermina na cabeça dos donos, verá que, tal como no bom queijo velho, é nos bons autores que os vermes abundam, e não nos novos; por isso, deve o meu jovem amigo manusear, constantemente, os clássicos, em especial os mais roídos pelos vermes. Mas com cuidado, não vá ter com os antigos o mesmo procedimento que têm alguns infelizes jovens que roubam quanto encontram nas algibeiras dos velhos progenitores. A sua ocupação não é roubar, mas aproveitar e fazer suas as ideias deles; o que, embora difícil, é, no entanto, bastante possível, sem incorrer na vergonhosa imputação de gatunice; penso, com toda a humildade, que, embora acenda a minha vela na do vizinho, isso não altera a propriedade, nem faz com que o pavio, a cera, a chama ou a vela inteira sejam menos meus. 

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