Mas, de repente, a 5 de Março, Stálin morreu. Esta morte rompeu o gigantesco sistema de entusiasmo mecanizado, da ira popular e do amor popular estabelecidos por ordem do comité do partido. Stálin morreu fora do plano, sem ordem dos órgãos de direcção. Stálin morreu sem ordem pessoal do próprio camarada Stálin. Nesta liberdade, neste voluntarismo da morte havia qualquer coisa de dinamitador, contradizendo a própria essência profunda do Estado. Grande perturbação abrangeu as mentes e os corações. Stálin morreu! Havia aqueles a quem o sentimento da desgraça colheu: nalgumas escolas, os professores obrigavam os alunos a ajoelharem-se, e eles próprios, de joelhos, banhados em lágrimas, liam o comunicado governamental sobre o falecimento do líder. Nas reuniões de luto das instituições e fábricas, havia muitos que entravam em histeria, ouviam-se as exclamações loucas das mulheres, os choros, algumas caíam desmaiadas. Um grande deus, ídolo do século vinte, morreu, e as mulheres choravam. (