Nunca ter visto nenhum filme de Bela Tárr foi uma sorte, agora posso imaginar as imagens d’ O Tango de Satanás à vontade. São todas assustadoras. É curioso que o filme tenha sido rodado a preto e branco. Ao ler o romance de László Krasznahokai, sinto uma cor a alastrar: um castanho esverdeado profundamente agonizante, uma cor de carácter geográfico, digamos assim, que nunca é nomeada mas entranha-se como uma doença. Tem a ver com a chuva a misturar-se com a terra e restos orgânicos e é um prenúncio de podridão.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral