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Tango del desengaño

Gostava de ter vivido entre povos tristes, ou pelo menos cuja música é langorosa ou pungente: fado, tango, lamentos árabes, húngaros... (Cadernos, junho de 1963

Ibiza, 1 de agosto. No ano passado, F. emprestou-me o seu gira-discos e ouvi um disco que me encantou. Era um tango espanhol, do mais dilacerante que há. De volta a Paris, tentei lembrar-me do ritmo e da melodia. Impossível. Um ano depois, encontro-me de novo na mesma casa. No dia seguinte à minha chegada, durante a sesta, tenho um sonho no qual escuto um tango. Ao despertar, tinha reencontrado o meu tango. (Caderno de Talamanca, agosto de 1966

Borges escreveu um poema sobre o tango. Como eu o compreendo. Tenho vontade de exclamar: «Dêem-me um tango por dia!» Trago em mim uma Argentina secreta. (Cadernos, outubro de 1966

A tristeza impetuosa em todos os níveis, do tango ao Apocalipse. É esse o meu clima habitual. (Cadernos, fevereiro de 1969

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