Balzac ensaiou a vida prática pela primeira vez quando, desesperado com a sua produção literária, quis adquirir o verdadeiro poder do dinheiro e se tornou especulador. Fundou uma tipografia e um jornal, mas, com essa ironia que o Destino tem sempre reservada para os revoltados, ele, que nos seus livros conhecia tudo: os golpes da Bolsa, os requintes dos pequenos e dos grandes negócios, as manhas dos usurários; ele, que conhecia o valor de todas as coisas, que nas suas obras tinha feito triunfar centenas de homens e lhes fizera ganhar fortunas, estabelecidas sobre fundamentos justos e lógicos; ele, que havia enriquecido Grandet, Popinot, Crevel, Goriot, Bridau, Nucingen, Wehrbrust e Gobseck - perdeu o seu capital, falindo miseravelmente. E nada lhe ficou além da terrível carga de dívidas que conduziu depois, gemendo, sobre os largos ombros, durante todo o século da sua vida, escravo do trabalho mais acabrunhante, sob o qual um dia sucumbiu, sem um grito, com as veias rebentadas. Stefa...