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O cão da angústia

O plano-sequência que abre Fabian — Going to the Dogs vale mais do que mil artigos de politólogos. A câmara percorre uma estação de metro de Berlim na actualidade. É o olho de um passageiro ocasional. Pode ser qualquer pessoa, posso ser eu. Sou eu a caminhar para a saída. Subo as escadas da estação em direcção à superfície. Um degrau após outro. Quando chego à rua, estou em Berlim, sim, mas em plena República de Weimar. Os sinais da ascensão do nazismo estão por todo o lado. Fazem parte da paisagem. Parecem tão naturais como a pedra dos edifícios, o ruído dos automóveis, as nuvens no céu.
Neste filme, Dominik Graf não nos convida a mergulhar na história, não quer que desçamos às profundezas de Berlim como arqueólogos em busca de vestígios dos fascismos; pelo contrário, ele empurra-nos para a superfície. É à superfície que tudo se passa, aqui e agora, em carne e osso, diante dos nossos olhos. Não há fronteira entre o passado e o presente. Só temos de apanhar o metro ou o autocarro, e caminhar pela rua.
Christian Petzold já tinha recorrido a um dispositivo semelhante em Transit. E talvez de forma ainda mais eficaz. Não conheço cinema de agora tão actual como este.

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