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Exijo que se fale de mim com palavras domingueiras.

Gombrowicz escreve ao «Clube de Discussão de Los Angeles», cuja primeira sessão tinha sido dedicada à obra dele. A carta termina assim:
«Dissestes-me que fui objecto da vossa discussão. Pois bem, gostaria de vos perguntar: a minha pessoa foi respeitada? Será que as vossas palavras foram guarnecidas com vibração? Falastes de mim com emoção, imaginação e paixão tal como se deve falar da arte? Ou será que de mim apenas retirastes umas “ideias” minhas e as mordicastes como um osso seco do meu esqueleto? Ficai a saber que proíbo de falar de mim de modo entediante, normal, comum. Proíbo-o veementemente. Exijo que se fale de mim com palavras domingueiras. Castigo com crueldade aqueles que se dão ao luxo de falar de mim de modo entediante e sensato: morro na boca deles e eles ficam com a sua cavidade bucal cheia do meu cadáver.»
(Diário: 1953-1958. Tradução de Teresa Fernandes Swiatkiewicz.)

Devíamos pintar estas palavras a vermelho à entrada das faculdades de letras, dos institutos, das escolas, dos jornais, das revistas, das livrarias, dos auditórios e salas de conferência. À porta dos cafés não vale a pena porque já quase não há cafés.

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