Um detalhe repetido mil vezes em Conto de Verão, de Éric Rohmer: os movimentos nervosos das mãos de Gaspard. Ele não sabe o que fazer com as mãos. Parece querer escondê-las ou apagá-las a todo o custo, como se o resto do corpo quisesse ver-se livre daqueles trambolhos, que atrapalham e que arrasta consigo contra a vontade.
Eu sei que é um truque simples para dizer, sem palavras, que Gaspard é um jovem inseguro. Mas não é só isso. Tenho mais do dobro da idade do personagem e reconheço em mim os mesmos gestos. Um velho operário talvez diria que são os gestos de alguém que nunca trabalhou numa linha de produção. Talvez o marinheiro do filme dissesse uma coisa parecida: são as mãos de alguém que nunca precisou de içar velas ou lançar as redes em alto mar.
Eu sei que é um truque simples para dizer, sem palavras, que Gaspard é um jovem inseguro. Mas não é só isso. Tenho mais do dobro da idade do personagem e reconheço em mim os mesmos gestos. Um velho operário talvez diria que são os gestos de alguém que nunca trabalhou numa linha de produção. Talvez o marinheiro do filme dissesse uma coisa parecida: são as mãos de alguém que nunca precisou de içar velas ou lançar as redes em alto mar.
Comentários