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Destruir os clichés

Straub: Penso que devemos fazer filmes sem nenhuma significação, pois de contrário só se faz porcarias (...). É preciso que um filme destrua a cada minuto, a cada segundo, aquilo que dizia no minuto precedente, porque estamos a sufocar sob os clichés e é preciso ajudar as pessoas a destruí-los. Neste sentido, o último plano [de Othon] não significa nada, é o que espero. 

Nota: A resposta de Straub foi retirada de uma montagem de entrevistas organizada por Antonio Rodrigues para o catálogo da Cinemateca de 1998. A versão espanhola pode ser lida aqui

Esta questão do significado dos planos, ainda para mais dos últimos planos, é recorrente e é, também ela, sem sentido. O que interessa não é o que significa (se for importante, não significa nada), mas de que modo essas imagens nos afectam, que sensações e pensamentos provocam, para onde nos desviam. É a tal «saturação de signos magníficos banhados na luz da sua ausência de explicação» de que falava Manoel de Oliveira e que Godard sistematizou. 

Muitas vezes é por acaso que se chega a estes planos, mas também é verdade que é preciso muito trabalho prévio (destruição de clichés, precisamente) para deixar o acaso entrar na nossa vida.





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