A arte contemporânea é uma zona sacrificial que absorve todas as correntes envenenadas que aparecem incessantemente e pelas quais toda a gente seria infectada. Pensa-se que é um campo alternativo, mas na realidade é um dos anexos sanitários da cultura de massas, como, por exemplo, uma fábrica com anexos técnicos que asseguram a evacuação das águas contaminadas (...) Parece-me que a a arte contemporânea desempenha exactamente esse papel: as ideias e as imagens potencialmente perigosas são para aí canalizadas, e tudo funciona perfeitamente. É um mecanismo de evacuação, e os artistas ficam com a ilusão de ser uma alternativa, de se opor à cultura de massas, quando na realidade eles são uma função dela, os seus cuidadores.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
Comentários
Tenho de comprar este número (por várias razões, claro).