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Nunca ter visto nenhum filme de Bela Tárr foi uma sorte, agora posso imaginar as imagens d’ O Tango de Satanás à vontade. São todas assustadoras.

É curioso que o filme tenha sido rodado a preto e branco. Ao ler o romance de László Krasznahokai, sinto uma cor a alastrar: um castanho esverdeado profundamente agonizante, uma cor de carácter geográfico, digamos assim, que nunca é nomeada mas entranha-se como uma doença. Tem a ver com a chuva a misturar-se com a terra e restos orgânicos e é um prenúncio de podridão.

Comentários

atalhos disse…
O Cavalo de Turim, é uma espécie de Génesis ao contrário, em que se morre às escuras, com fome e com frio. Mas há um episódio em que um homem se revolta contra um camponês que açoita um cavalo, que exausto e doente, puxa uma carroça. Diz-se que é Nietzsche. E quando matam uma égua atrelada, só para se divertirem, e uma criança lhe *abraça o focinho morto e ensanguentado e beija-a, beija-a nos olhos e nos beiços…*, é Dostoievski.