Nicole Brenez: Para além dos argumentos de Les rendez-vous d'Anna (Albatros, 1978) ou Un divan à New York (L'Arche, 1996), publicaste dois livros: uma peça, Hall de nuit (L'arche, 1992), e uma espécie de monólogo, Une famille à Bruxelles (L'Arche, 1998). Chantal Akerman: Por muitas razões, acredito mais em livros do que em imagens. A imagem é um ídolo num mundo idólatra. Num livro não há idolatria, mesmo que possas idolatrar as personagens. Acredito no livro; quando mergulhas num livro formidável, é como um acontecimento, um acontecimento extraordinário. Nicole Brenez: Que livros foram acontecimentos para ti? Chantal Akerman: Isso era mais quando era nova. Nos últimos anos, Vida e Destino , de Vassili Grossman, publicado quinze anos depois dele morrer, foi um acontecimento. E os Contos de Kolimá , de Varlam Chalamov. Nicole Brenez: Duas histórias russas que documentam a guerra e os campos. Chantal Akerman: Sim. É sempre isso. Chantal Akerman: A Entrevis
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral