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Preparação para Medeia: experiências de química

SENHOR ORLAS (suspira): A vida é um abismo de contradições, Araminthe.
Bem! Vou para o meu gabinete reflectir em tudo isto.
Não posso acreditar que não haja uma solução em que o dever e a felicidade se conciliem.

ARAMINTHE: Eu creio, senhor, que é essa a grande inquietação dos homens, desde que saíram das cavernas para tentar viver em sociedade. Inventaram o casamento para tentar conjugar ao mesmo tempo essas duas noções.

SENHOR ORLAS: Apenas por um curto espaço de tempo, Araminthe. Acredite num homem que tentou essa aventura! O que se passa a seguir é como uma dessas experiências de química em que se deleita o nosso vizinho, senhor Voltaire. Ao princípio, a mistura brilha; depois, a felicidade, que é volátil, evapora-se e não fica na retorta senão o grosso calhau cinzento do dever.

Jean Anouilh, Cecile ou a escola de pais. Tradução de Virgínia Mendes.

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