Não sei o nome. É o homem que passa a manhã à janela, no prédio em frente. Começámos a cumprimentar-nos com um gesto silencioso de mão e um sorriso tímido de cortesia. A pandemia devolveu-nos alguns gestos, mas também algumas palavras. As palavras «janela», «vizinho», «rua», «bairro». Ou o termo «redes sociais». Pouco a pouco, entre uma janela e outra, de um lado ao outro da rua, limpamos a gordura que se acumulou sobre as palavras e redescobrimos a sua pureza.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
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