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“Quem anda de cabeça para baixo, minhas Senhoras e meus Senhores, quem anda de cabeça para baixo tem o céu como abismo por baixo de si.” 

O parágrafo de Rogério Casanova (do post anterior) é bom para percebermos como Robert Walser, ao passar por essa situação de lugar comum, coisa que acontece com muita frequência, toma um atalho que o leva directamente para o centro da floresta.

Walser não se entretém a desfazer o discurso, não dá passos para a frente e para trás, não se arma em irónico ou nostálgico, livra-se de todos esses artifícios com um “sim”: aceita a banalidade, utiliza a frase digna de uma personagem de Barbara Cartland conforme ela é num mundo de novo inocente — porque, ao contrário de Lenz, Walser consegue a proeza de andar sobre a cabeça quando quer — e tremendamente inquietante (como o branco assustador das aventuras de Arthur Gordon Pym). 

“Amo-a loucamente” pode dizer uma personagem de Walser. E é tudo verdade. Como nunca antes.

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