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Revolução

Chega sempre um dia em que as coisas mudam, explica o personagem Rublev, no epílogo do monumental O caso do camarada Tulaev, de Victor Serge. A Revolução é uma aventura e um risco. «Para o mundo exterior, tão sedento de estabilidade», manter em aberto a grande pergunta sobre o sentido da vida é uma audácia demasiado perigosa. «[Nós, os revolucionários de 1917,] exigíamos a coragem de prosseguir as façanhas, mas o povo queria segurança, descanso, esquecer o esforço e o sangue.»
Robert Kramer diz qualquer coisa bastante parecida em Outro País, o filme de Sérgio Tréfaut sobre o 25 de Abril: «É uma situação muito perigosa, assustadora, caótica, que nos pode explodir na cara. Historicamente, a riqueza da experiência humana é elevada por esses momentos. São muito instáveis. Aparentemente, as pessoas não aguentam viver assim por muito tempo.»
No ciclo cardíaco, uma sístole é seguida de uma diástole. E depois de uma diástole vem necessariamente uma sístole. Em que ponto da história estamos neste momento?

Comentários

m. disse…

Localizar
na frágil espessura
do tempo,
que a linguagem
pôs em vibração,
o ponto morto
onde a velocidade
se fractura
e aí
determinar
com exactidão
o foco
do silêncio.

(Carlos de Oliveira)