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O turismo na nossa cidade

A história de Patrice Crozier começa exactamente como a de Gaspard Loorens, mas termina menos bem. Na madrugada de 23 de Outubro de 1976, Patrice foi barbaramente assassinado em casa. As investigações, feitas logo na manhã do dia seguinte, parecem indicar que se tratou de um crime premeditado.
Eis as provas mais relevantes que constam do relatório policial:
Prova a) cinzas ainda quentes na lareira;
Prova b) um vaso cheio de flores artificiais sobre a mesa da sala;
Prova c) um tapete vermelho estendido no chão do quarto;
Prova f) dois quadros na parede do corredor, o primeiro dos quais representando uma cena campestre (um fauno entre as árvores observa uma ceifeira de saia levantada, que apanha erva com a foice) e o segundo, um bêbado a satisfazer uma necessidade no meio da rua;
Prova h) uma fenda em “S” que percorre de alto a baixo a parede da cozinha;
Prova n) tectos brancos, paredes pintadas a azul claro, soalho em ziguezague lacado a preto;
Prova r) o telefone pousado no descanso;
Prova t) um espelho redondo no quarto de banho;
Prova u) um aquário com um manso peixinho no interior;
Prova v) ora adivinhe lá… isso mesmo que o leitor está a pensar.
As operações policiais envolveram múltiplos agentes que, cofiando os bigodes, exploraram todas as pistas e linhas de investigação. Nenhuma delas, porém, conduziu a quaisquer resultados práticos. Ao fim de alguns meses, as autoridades arquivaram o caso. Sucedeu assim e foi tudo.
Como é que depois se há-de desenvolver o turismo na nossa cidade? Como? Não me querem dizer?

Publicado na página dos Cronistas do Bairro, no Porto24.

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