Aconteceu há algum tempo, na rua Tenente Valadim, em frente ao Sheraton, de manhã cedo. Uma mulher jovem, elegante, extremamente bem vestida, perguntou-me se lhe podia trocar uma moeda de cinquenta cêntimos — ela só precisava de vinte para o parquímetro. Abri o porta-moedas, não tinha moedas que chegassem, mas reconheci a saia da mulher, já a tinha visto na montra da Gant, custava umas centenas de euros — decidi oferecer-lhe vinte cêntimos. A mulher aceitou, sorriu e agradeceu-me muito. Desconfio que não percebeu que isto era uma parábola e cada uma de nós estava apenas a desempenhar um papel.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
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