Pode parecer um bocado acintoso entalar George Steiner no meio de textos sobre Cioran. Não foi de propósito, calhou assim. Também não me apeteceu disfarçar até porque, se parar para verificar os raciocínios, ainda acabo a concordar com o que Steiner escreveu sobre Cioran (por exemplo, procurar aqui “Short Shrift”). Steiner tem uma balança bem calibrada para as letras, sei disso.
E sim, talvez haja nos lamentos de Cioran uma facilidade ominosa. Talvez os seus aforismos não surjam de um pensamento analítico sustentado. Talvez a sua tristeza seja preguiçosa, repetitiva e demasiado declamada. Talvez Cioran seja um moralista teatral sem argumentos de ferro, sem roupas, sem reino. Mas não é por isso que gosto menos dele — das suas palavras de meteco ou dos seus pensamentos esbotenados.
Também as nossas inclinações intelectuais saem muitas vezes de um não sei quê obscuro e antigo. É como o cheiro das laranjas, é preciso aguentar.
E sim, talvez haja nos lamentos de Cioran uma facilidade ominosa. Talvez os seus aforismos não surjam de um pensamento analítico sustentado. Talvez a sua tristeza seja preguiçosa, repetitiva e demasiado declamada. Talvez Cioran seja um moralista teatral sem argumentos de ferro, sem roupas, sem reino. Mas não é por isso que gosto menos dele — das suas palavras de meteco ou dos seus pensamentos esbotenados.
Também as nossas inclinações intelectuais saem muitas vezes de um não sei quê obscuro e antigo. É como o cheiro das laranjas, é preciso aguentar.
Comentários