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Papel e tinta

Artigos, crónicas, apontamentos, números, dados, estatísticas, análises das estatísticas, previsões, opiniões sobre as previsões, opiniões sobre as opiniões. E, no entanto, já quase não há tinta a pintar o papel. O que resta é a superfície brilhante e higiénica de um ecrã. Nada mais.
O toque dos dedos no papel, o cheiro da tinta, punham-nos em contacto com a matéria do mundo, lembravam-nos que para cada facto existe um abismo de causas e efeitos, de fluxos e refluxos. É preciso sol, chuva, terra e tempo para criar papel. O ecrã é plano, não tem memória nem profundidade.
Mas talvez seja a minha imaginação a querer exigir ao papel e à tinta respostas que não existem. Respostas que ninguém tem.

Comentários

Graça Sampaio disse…
«O ecrã é plano, não tem memória nem profundidade.» - como concordo consigo! Nada que chegue ao papel. O bom papel...
c disse…
O ecrã é a memória.