Fui rever Days of Being Wild, de Wong Kar-Wai. Desta vez, o que me impressionou foi o som. Os personagens, já se sabe, pouco falam. Mas entre as palavras, o que existe não é o silêncio, mas o ruído. Os amantes expressam-se, quase sempre, através do barulho ensurdecedor dos gestos. O barulho desesperado das mãos, dos braços, das pernas, dos pés, dos olhos, dos lábios. O filme é uma sucessão de corpos aos gritos. Corpos presos por arames invisíveis que os arrastam fatalmente para longe uns dos outros.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
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