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Nunca desilude

Sempre que ouço Bach, digo a mim mesmo que é impossível que tudo seja aparência. Tem de haver outra coisa. E depois, a dúvida toma conta de mim de novo.

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Se Bach pode tomar para mim o lugar do resto da música, não consigo ver o escritor que possa substituir sozinho todos os outros – nem mesmo Shakespeare. Cansamo-nos das palavras, sejam elas de Macbeth ou de Lear; não nos cansamos de sons quando compõem certos motetos, certas cantatas.

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A coisa mais difícil que há é renovar as nossas admirações. Só admiramos de verdade até aos vinte anos. Depois, é só entusiasmos ou caprichos.
Mudei de opinião sobre toda a gente, exceto sobre Shakespeare, Bach e Dostoiévski. Desses três, a minha preferência vai para Bach. Dele podemos dizer: este nunca desilude.

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Ouvir Bach nos grandes armazéns enquanto compramos cuecas!

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