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A morte das cidades

A cidade foi claramente partida ao meio nestas eleições. Ao contrário da nação do futebol, que engole tudo, em termos políticos, já podemos falar de Porto-Este e Porto-Oeste. 

Os resultados de Campanhã dão um bom retrato de uma zona pobre, sempre menosprezada e cheia de problemas, mas suspeito que daqui por uns anos os números mudem. O efeito do Matadouro (deitar a mão ao terreno vizinho do Mercado Abastecedor é uma tentação, não é?) e da vista-rio no imobiliário vai provocar  uma inflexão política na freguesia. Os ricos do Porto gostam de boas vistas e de cultura – veja-se como aderem à hóstia domingueira de Serralves.

Mais a longo (?) prazo, o sonho dos dirigentes autárquicos do Porto (e Lisboa e outras tantas cidades) é expulsar os pobres e imigrantes para as periferias e transformarem-se num enorme condomínio privado, ou seja, território protegido para a preservação da espécie. Em palavras justas: um antro de primos gananciosos e enfadonhos.

Comentários

Luis Eme disse…
Gostei de te ler.

Pois é, o provincianismo cultural ocupa o país todo, até o Porto. Só foge a espaços (às vezes muito curtos...) da Capital...
Luis Eme disse…
(fui demasiado rápido a comentar e não disse que depois, isso reflete-se em tudo, especialmente nas tais desigualdades, de querem uma cidade só para eles, e também um museu, claro...
Anónimo disse…
Com toda a frontalidade: o último parágrafo revela a erosão do tempo. Todo o século 20 evidencia uma crise habitacional nos portuenses pobres e "remediados". A classe média (?) tinha a "Cooperativa "O Problema da Habitação", alimentada pelo poder salazarista; após o 25 de Abril e durante muitos anos existiu, no cruzamento da R. Oliveira Monteiro com a R. NºSrª de Fátima, uma pichagem que gritava assim: Morte à Subaluga. Hoje este "deslocamento" já vai na Trofa e em Santo Tirso, Vila do Conde e Póvoa, Penafiel e Marco de Canaveses, Ovar e São João da Madeira ... e não, não tem nada a ver com provincianismo, mas com estratégias de poder (eleições) e ganho de mais-valias.